terça-feira, 3 de agosto de 2021

 



Rabada ou Rabo de toro




A rabada, antes, era associada à comida simples, mas hoje, está nos melhores restaurantes. Tem origem europeia e surgiu como uma sopa de rabo de boi, touro ou vaca. Qual a diferença entre touro e boi? o Touro serve para a reprodução e o boi é castrado.  Muito popular em Portugal, França e Espanha. No Brasil, é um prato típico dos sertões que na década de 20, se popularizou.

 

E aqui cabe, contar um pouco da história do Rabo de toro. As mulheres mais simples da cidade de Córdoba, Espanha, aguardavam o fim das touradas para receberem de presente as partes consideradas "menos nobres" (rabo, orelhas, vísceras, etc.)  do touro bravo abatido. Isto ocorria, na porta de traz da plaza de toros, enquanto, as pessoas com maior poder aquisitivo ficavam com as partes consideradas " mais nobres". Graças a essas mulheres que faziam verdadeiros milagres de multiplicação, já que com dois ou três rabos tinham que alimentar muita gente e para tanto, adicionavam verduras, legumes e temperos frescos e secos. A receita se perpetuou e migrou para as mãos dos melhores chefs. Trata-se de uma receita simples e que exige paciência e um longo tempo de cozimento. É um ensopado delicioso. Eu tive o privilegio de experimentar em Córdoba esta iguaria de indescritível sabor. A cidade é linda e a Mesquita é de uma beleza estonteante. 

 


 Nesta site você encontra muita informação sobre o rabo de toro.  

https://www.saboresdecordoba.com/a-comer/guiso-tradicional-del-rabo-de-toro-cordobes-origen-cofradia-receta/

 

Contam que a versão francesa foi criada na Revolução Francesa. Havia grande pobreza,incluindo nobres e aristocratas. As caudas não eram retiradas das peles bovinas que eram enviadas aos curtumes dos matadouros. Um nobre francês, em busca de comida barata, pediu um rabo descartado e fez uma sopa. 

 

Devemos lembrar que a origem das receitas está ligada ao aproveitamento de alimentos, aos hábitos e costumes da população e que, muitas vezes, são criadas pela necessidade.                                                                                                                     

         E aqui vai, o passo a passo da rabada feita por mim:                       

 




 


 

 











quarta-feira, 21 de abril de 2021

 Fritas, assadas, em conserva, laminadas. 

                                    Dona do espectáculo ou coadjuvante, não perde a coroa e se mantém majestosa, com uma manta de molho e um perfume de gremolata.

                                                                 Essas são as minhas batatas. 

                                                                                                              Fanny Fischer

                                                                                                              20/04/2021




domingo, 18 de abril de 2021

 Quantas historias ao pé de ouvido, ao pé do fogão. Pai que ri, mãe que suspira, tio que conta experiências hilarias beirando o surreal. A  avó que esquenta a chaleira para passar mais um café e que resolve amassar o polvilho para um pão de queijo de cair o queixo. E o filho que observa, que presta atenção em cada detalhe, em cada alteração de voz.  O tempo transcorre e o adulto criança, mantém na lembrança, as vozes e os risos que já não ecoam. Não há mais café, e nem pão de queijo. A chaleira , com o seu sopro, retém uma lembrança.  O coador já não é de pano e as imagens são filtradas e caminham para serem guardadas. E o relógio marca o tempo, marca a voz, marca o momento. As lembranças borbulham e o silencio retoma o seu protagonismo. Os olhos voltam para o caderno de receitas, amarelado pelo tempo e cheio de registros que se transformam novamente em voz. " Feito com carinho por mim", " Receita que a minha filha ama", " Vale muito a pena fazer". E desperta uma torta, uma torta de frango que constrói novas memórias e novos registros. E em volta dela, há uma mãe que suspira lembranças de uma avó que já não está, um pai que reconta historias hilarias que aprendeu com o tio e um filho que observa e registra cada momento. E as lembranças ganham forma, cor e sabor. E o café coado com um novo filtro, exala aromas que viajarão para outras gerações.É a memória que se constrói e se replica.

                                                                                                   Fanny Fischer



Torta de frango Para o dia das mães


terça-feira, 13 de abril de 2021

Bolo torta de maça, experiência que transcende os sentidos.

 A experiência mais completa do ser humano se resume em aromas. 
Fazer um bolo torta de maça é uma alquimia, é um suspiro e um gostinho de quero provar. 
O vinho do porto que abraça e acalenta as passas, a farinha de trigo, que como um pó translucido, esconde a cor envergonhada da goiabada. 
As maças , por sua vez, se unem ao limão para manter a altivez. 
E as castanhas? Essas sim, pisam forte como o salto de uma dama. 
Os ovos, como maestros de uma grande orquestra, unem e fundem todos os participantes de uma ópera de mil sabores.
A canela, amparada no açúcar, fecha a cortina dessa grande obra.
E o público? O público se insere de tal forma que se perde em um suspiro. 
Oh belo bolo, bela torta!

                                                                                           Fanny Fischer


sexta-feira, 5 de março de 2021

COZINHANDO COM A FANNY - TORTILLA DE PATATAS

A cozinha permite apropriar nos de sabores, costumes e tradições que caminham ao longo da historia.
Permite nos adequar, alterar ou reproduzir acrescentando a nossa vivência, a nossa experiência.
 As receitas sempre são únicas, nunca iguais. Por mais que se queira, a reprodução será uma reinvenção.
 Faz  diferença a posição do fouet, o tempo de bater os ovos, a temperatura do lugar onde vivemos. 
Como então dizer que fizemos a mesma receita? Nunca. Nos inspiramos e utilizamos os quase iguais ingredientes. Porque até eles, são plantados em outras terras, com outras técnicas e outros sabores. 
Então, se arrisque, tente, ouse e se permita viajar no mundo da gastronomia.

                                                                                                 Fanny Fischer



                  

terça-feira, 2 de março de 2021

 Me perguntaram porque gosto tanto de cozinhar? e eu, parei para pensar na resposta. Lembrei de quantas sopinhas fiz para baixar a febre da minha filha e melhorar aquela gripe. Lembrei dos chás mágicos para acalmar ou diminuir uma dor de barriga. Lembrei das festinhas de aniversário, da pascoa, natal, ano novo... Lembrei de receitas aclamadas e esperadas pela família e julgadas rigorosamente por um jurado que não perdoa qualquer deslize. Lembrei das invenções, das crises económicas e da necessidade de fazer do nada alguma coisa.  Lembrei das tardes de amassar pão e das orações feitas na sova. Lembrei das receitas que não deram certo e do apoio da família para não desistir. Lembrei dos pratos que acompanharam o crescimento da minha filha, brigadeiro, bolos, tortas, lasanha, pizza... uma preferência em cada época, em cada fase. Lembrei que  virei referencia para familiares, com perguntas como, quanto tempo cozinho o ovo? qual o ponto da geleia? o meu pão não cresceu, o que fiz de errado?. Lembrei dos cafés e das longas conversas à mesa. Lembrei dos almoços de domingo que invadem o lanche e o jantar. Lembrei de seres invadindo a minha cozinha para provar a carne assada com pão, mesmo antes de ir a mesa. Lembrei dos suspiros com os suspiros. E...esqueci. Por que gosto tanto de cozinhar?. Lembrei, para sempre ser lembrada.

                                                                                   Fanny Fischer




quarta-feira, 18 de julho de 2012


                                         

                        Onde o sol se fez sol.

Quando o coração se manifesta é o momento de abrir a janela interna,deixar escapar
os anseios, os medos, as aspirações. 
Numa dessas manifestações, decidi ouvi-lo e junto com a família tomar uma decisão,
mudar. A mudança, talvez seja a primeira reação para sair de uma situação estática.
Vendemos a casa em que morávamos e conseguimos comprar outra. A casa nova,
bem mais simples, más com uma vista de encher os olhos. Muito verde, uma casa rural.
Adquirimos novos hábitos. Acordar cedo com a melodia afinada de vários pássaros,
tomar o café da manhã com vista para o vale, caminhar pela redondeza sentindo
o cheiro de pinho, acompanhar a vida das maritacas e dos sagüis. Tudo isso num
pacote de fim de semana. De segunda a sexta a rotina de trabalho nos tira desse
encantamento.
Descobri que é possível falar com Deus. No banco instalado estrategicamente
no jardim para apreciar o por do sol é possível elevar o espírito a uma graça máxima.
É permitido cochichar com as borboletas e contar segredos ao jasmim que
envolve o caramanchão.
O sol aos poucos se despede estonteantemente vermelho.
Estou me especializando em adubos orgânicos, inseticidas naturais para combater
as pragas.
A macieira está com flores, sinal de muitas frutas, a manga, a jabuticaba, nêspera,
lichia, laranja, que pomar!.
Perdemos com o tempo a percepção do cheiro de terra molhada. Que previsão do
tempo que nada, é possível saber se vem chuva pela posição da lua, pela cor das
nuvens, pelo agito dos pássaros ou até mesmo pela direção do vento.
Só não consigo ainda, perceber o meu limite de paciência nesse mundo maluco
extra casa.
Comecei a perceber os diferentes tons de verdes.
Criamos rituais diários que nos fortalecem. Pedir que a virgem Santa nos cubra
com o seu manto azul, repetir orações em forma de mantra.
Amassar a massa de um pão e canalizar energias positivas, assar e degustar
a mais fina iguaria como se fosse dos Deuses.
Preparar uma carne, temperar, colher temperos na horta e especializar-se nos
sabores e odores.
Descobrir o jambolão, a lichia, a laranja Kinkan. Pensar em possibilidades, saídas.
                                                                                                        Fanny Fischer

  Rabada ou Rabo de toro A rabada, antes, era  associada à comida simples, mas hoje, está nos melhores restaurantes. Tem origem europeia e s...